Novo parque solar, cujo plano financeiro foi desenvolvido pela Pantalica Partners, será construído no Ceará. Segundo empresa, além da crise, custo e ESG também servem como incentivo
DA REDAÇÃO
Puxada pelo investimento privado, a eletricidade gerada por usinas solares no Brasil vem crescendo aceleradamente. Em três anos, a capacidade instalada aumentou em dez vezes e, hoje, é capaz de abastecer quatro milhões de residências. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), até 2030 essa fonte deverá representar 10% da matriz energética brasileira – atualmente, responde por 3%. Já a participação das hidrelétricas deve cair de 60% para 47%.
Esses números chamam a atenção, especialmente em um contexto de crise hídrica, que prejudica e encarece a geração de eletricidade no País. Ademais, mesmo diante de incertezas econômicas e políticas, novos projetos seguem sendo implementados. Recentemente, por exemplo, a empresa de gestão estratégica Pantalica Partners estruturou um plano de investimento e auxiliou na captação de recursos para a construção de uma usina de energia solar fotovoltaica em Ararendá, no Ceará.
A usina, desenvolvida pela GLA Energia, terá 10 MWAC de capacidade instalada e deverá gerar 20.060 MW/h por ano. Já possui, inclusive, um contrato de compra de energia de longo prazo (PPA, na sigla em inglês) assinado, ou seja, toda a eletricidade a ser produzida já está contratada. Isso, claro, ajudou na busca por crédito.
“Os bancos já instituíram estruturas específicas para empresas que procuram esse tipo de financiamento. Mas há uma demanda enorme, então eles priorizam projetos ready to build, quer dizer, que já contam com todas as licenças e pareceres para saírem do papel. Ter um PPA é um fator a mais de facilitação”, afirma Salvatore Milanese, sócio-diretor da Pantalica. “Superada essa etapa, legal e operacional, entra o entendimento financeiro, que abrange valor de investimento, tempo de maturação da planta, prazo de retorno e garantias”.
Há, de acordo com Milanese, uma série de fatores que têm impulsionado a mudança da matriz energética não só no Brasil como no mundo. Primeiro, a crise hídrica que estimula governos e empresas a buscarem alternativas. Segundo, a economia, pois o custo das fontes eólica e solar se reduziu drasticamente nos últimos anos – batendo, inclusive, a geração por hidrelétricas. Terceiro, o ESG (acrônimo para questões sociais, sustentáveis e de governança), cada vez mais em evidência no setor público e privado.
“Cabe mencionar também que a energia solar permite uma geração distribuída, mais democrática que a centralizada, e traz retorno financeiro rápido – de cinco a sete anos. É uma ideia atraente tanto para as famílias quanto para as empresas se tornarem energeticamente autossustentáveis”, diz Milanese.