Segundo projeções, o número de desempregados já atinge 12,9 milhões de pessoas; empresária explica como funciona programa que auxilia pessoas com baixa renda através de propósito social
DA REDAÇÃO
No Brasil, as pessoas desempregadas compõem boa parte da população. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) publicada em dezembro de 2021 através do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o número de desempregados chegou a 12,9 milhões, mesmo tendo baixa 12,1% no trimestre.
Segundo registros da Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (Cepal), até 2017, o Brasil foi extremamente relevante para contribuir com o alto índice de pobreza na região, o que impactou, diretamente, a vida de mais de 184 milhões de pessoas.
Na missão de driblar o desemprego e a pobreza, o número de pessoas trabalhando por conta própria aumentou 2,6% de novembro de 2021 para dezembro de 2021 e 15% quando comparado anualmente. O número representa 3,5 milhões de pessoas e soma, ao todo, 25,5 milhões de trabalhadores autônomos. Os dados são da mesma pesquisa oferecida pela PNAD.
Andrea Koppe, presidente da Unilehu e Diretora Executiva do Programa Supera – negócio social de produção e venda de produtos sustentáveis, com foco na geração de renda de costureiros em vulnerabilidade social, com sede em Curitiba (PR) – observa que a pandemia agravou um cenário que já era complexo.
“Em suas casas, cada pessoa carrega a sua própria história. Desde o início da pandemia, há o acréscimo de circunstâncias como perda de emprego por conta da crise econômica, que levou à perda do teto e a um momento desafiador, onde já não se consegue um emprego”, analisa. “Agora, para ajudar essas pessoas, é necessário um esforço coletivo, que deve ser defendido pelo poder público, pela iniciativa privada e pela sociedade como um todo”.
Projeto defende consumo consciente com causa de propósito social
Koppe explica que o Programa Supera é uma unidade de inclusão e geração de renda da Unilehu (Universidade Livre para Eficiência Humana), fundada em 2004. “A Unilehu é uma instituição social com foco na inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Ao longo dos anos, foi ampliando a sua atuação, até que chegou o momento de focar no empreendedorismo e na geração de renda para beneficiar pessoas em vulnerabilidade social, tais como imigrantes, pessoas com deficiência, mulheres da comunidade, pessoas em situação de rua, entre outros.
A presidente da Unilehu explica que, ao observar que muitas pessoas nestas condições não têm chances de entrar para o mercado formal de trabalho, surgiu a ideia do Supera, que foca na formação de costureiros que são treinados na produção de um portfólio de produtos desenvolvidos na fábrica, para serem vendidos para pessoas físicas e empresas. Dessa forma, contribui para a geração de renda dos costureiros participantes e para a sustentabilidade financeira do projeto.
“Temos um viés de produtos sustentáveis. Trabalhamos com resíduos novos de fábricas, como tecidos dos estofamentos, cintos de segurança de indústrias automobilísticas, entre outros. Os produtos, como bolsas, mochilas, necessaires, organizadores de porta malas e lixeiras, são criados e produzidos por pessoas em condição de vulnerabilidade social. “Ensinamos uma profissão para quem participa das oficinas de costura, para depois de qualificadas serem direcionadas ao mercado de trabalho. Se for o caso, eles possuem a opção de permanecer como produtores certificados”, explica.
Fábrica social que inclui aprendizado
Koppe destaca que em 2019 o projeto investiu na criação de uma loja virtual para venda dos produtos. “O projeto não se mantém apenas com as vendas, então a perspectiva a médio prazo é que as saídas dos produtos cubram integralmente as despesas. E, também, que a gente consiga alavancar as vendas e captar outros projetos de sustentabilidade”.
A presidente da Unilehu revela que há planos para aumentar as oficinas, ir além da costura e trabalhar com iniciativas de geração de renda nas áreas de alimentação, marcenaria e artesanato.
“O meu maior sonho é que a sociedade reconheça essa iniciativa social não só como um negócio, mas como um centro de valorização, respeito pelas pessoas e de transformação social – a exemplo do que podemos fazer, juntos, em prol das pessoas que mais precisam”, conclui.