Pesquisa do Ipea registrou 7,3 milhões de pessoas em trabalho remoto no período
DA REDAÇÃO
Número de trabalhadores em home office diminui em novembro de 2020. Ao todo, 7,3 milhões de pessoas trabalharam remotamente no período – o que representa uma redução de cerca de 260 mil pessoas em relação ao mês de outubro. As informações são do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea).
De acordo com o levantamento, a quantidade de trabalhadores em home office representa 9,1% dos 80,2 milhões de ocupados e não afastados no País. A remuneração dessa parcela de empregados somou R$ 32 bilhões – o que equivale a 17,4% dos rendimentos recebidos por todos os ocupados.
Segundo o estudo do Ipea, 57,8% das pessoas em trabalho remoto eram mulheres; 65,3% eram brancos; 76% tinham nível superior completo e 31,8% eram da faixa etária entre 30 e 39 anos. Cerca de 6,2 milhões desses trabalhadores, ou 84,8% do total, faz parte do setor formal.
Trabalho remoto movimentou R$ 35 bi em setembro
Com a chegada da pandemia da Covid-19 no Brasil e a adoção do isolamento social como estratégia para reduzir os impactos do coronavírus no País, os modelos de negócios tiveram de se modificar para adaptar a vida aos novos tempos. De um dia para o outro, uma grande parte dos trabalhadores brasileiros começaram a realizar as atividades de casa.
Aproximadamente 8 milhões de pessoas seguiam trabalhando desta forma até setembro, o que representa cerca de 10% dos mais de 80 milhões de empregados e que não foram afastados do trabalho durante esse período. E os profissionais em trabalho remoto foram responsáveis por movimentar mais de R$ 35 bilhões de reais durante o mês de setembro com a remuneração do trabalho.
Esse é um recorte de como funcionou parte do home office no Brasil, analisado com base em um estudo publicado recentemente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O documento teve como objetivo analisar a massa de rendimentos dos trabalhadores remotos do País, segmentados por Unidade da Federação (UF) e, também, atualizar o acompanhamento dessa forma de trabalho durante a pandemia.
De acordo com o estudo, em setembro, a maior parte das pessoas nessa situação de trabalho remoto eram do sexo feminino (57%), da cor branca (65%), com nível superior completo (76%) e idade entre 30 e 39 anos (31%). Segundo o pesquisador do Ipea, Geraldo Góes, quando filtrado por atividade desempenhada, a maior parte das pessoas que puderam trabalhar remotamente fazem parte de um grupo com maior qualificação e escolaridade.
“As principais ocupações envolvidas em trabalho remoto, são exatamente aquelas ligadas a trabalhos mais qualificados no setor de serviços, profissionais de ciências e intelectuais que não dependem tanto de uma grande infraestrutura para realização de suas atividades. Em geral, como essas pessoas são mais escolarizadas, acabam tendo uma remuneração média superior à do total de pessoas que estão empregadas no País e isso acabou gerando 20% de toda massa salarial do mês de setembro”, explicou o pesquisador.
O estudo do Ipea ainda revelou que a região Sudeste teve a maior concentração de pessoas trabalhando remotamente. Na análise por unidade federativa, o Distrito Federal liderou o ranking de maior percentual de trabalhadores exercendo atividade de casa pela quantidade de habitantes, enquanto o estado do Pará teve o menor percentual de pessoas ocupadas e não afastadas em trabalho remoto.
Dário de Sousa trabalha com marketing internacional em uma empresa de exportações no norte do Pará e embora tenha enfrentado diversos desafios nesse momento de pandemia, o profissional conseguiu a mudança do trabalho presencial para desempenhar as atividades em casa.
“Eu tive uma entrada ao home office muito brusca sendo que, de repente, 100% da equipe ficou trabalhando de casa. Ao longo do ano tivemos de nos adaptar em relação aos projetos cancelados ou adiados para 2021. E só agora, no final do ano, consegui uma estação de trabalho que me atenda plenamente”, detalhou Sousa.
De acordo com análise do pesquisador do Ipea, Geraldo Góes, o trabalho remoto está em uma tendência de queda, mas “dada a situação da pandemia, esse comportamento pode se alterar, no entanto, não temos muitos meios de prever”. Ele acredita que a pandemia tenha acelerado o processo de implementação do trabalho remoto em diversas ocupações. “Mas é cedo para dizer qual a parcela desse trabalho que veio para ficar e quantos retornarão ao posto anterior ao da pandemia. Somado a isso, espera-se que algumas ocupações possam retornar parcialmente ao trabalho no escritório e oscilar com o remoto” afirmou.
A Eppendorf é uma multinacional Alemã especializada em biotecnologia com operações no Brasil, além de Estados Unidos e diversos países na Europa. No final deste ano, a empresa começou a atualizar o contrato da maior parte de seus funcionários para o home office permanente. Segundo Ana Paula Aukar, diretora de operações da empresa no Brasil e América Latina, pensando a médio e longo prazo, este modelo nos traz inúmeros benefícios.
“Em relação à redução de despesa, houve uma economia. Estamos adotando o modelo do teletrabalho, modelo híbrido de home office e ida ao escritório, mas o mais utilizado é o home office. Os resultados mostraram-se positivos porque nossos colaboradores têm mais tempo disponível para a família, cuidados pessoais, como a prática de atividades físicas; menos tempo no trânsito; ajuste de agenda; maior aprendizado e concentração; melhor definição das prioridades; redução de custos, entre outros fatores”, esclareceu.
Fonte: Brasil 61