Valor do produto chegou a sofrer reajuste de mais de 20% no último ano no País
DA REDAÇÃO
Não é de hoje que a população brasileira convive diariamente com o aumento da inflação e a variação constante de produtos básicos de nossa rotina o que gera assim muita insegurança e revolta em consumidores. Nos últimos dias, principalmente por meio das redes sociais, diversos internautas demonstraram muita insatisfação com o acréscimo nos valores do leite e de seus derivados, parte fundamental de qualquer dieta nos dias atuais. A estudante Ana Beatriz Lopes, de 19 anos, relatou ter sentido bastante a variação dos valores em suas últimas compras. “Fiz minha última compra nessa semana e reparei que marcas não tão famosas estavam chegando a quase R$ 6, enquanto as mais procuradas estavam passando dos R$ 7”, contou Ana, moradora da região do bairro Itatiaia, em Goiânia.
Preço elevado A empresária Maria Lorediene, de 35 anos, moradora do bairro Santo Antônio, próximo a Aparecida de Goiânia, contou que ultimamente os preços têm variado entre R$6 e R$4,99 em casos de melhores promoções. Se por um lado as donas de casa vem sofrendo com os preços elevados, na ponta inversa da cadeia de produção do leite é possível ver o oposto, já que os produtores continuam relatando estar recebendo o mesmo valor, ou até menos a depender do caso, conforme destaca o produtor de leite, Edson Souza. “Aqui nós continuamos produzindo normalmente, principalmente após a normalização da pandemia, mas continuamos recebendo o mesmo valor, aproximadamente R$ 2 ou R$ 2,50 pelo litro. Se esse aumento está chegando na mesa dos consumidores, aqui o valor não está chegando da mesma forma”, relata. Segundo a Federação Agrícola do Estado de Goiás, a variação média do valor pago aos produtores foi de 2,30%, chegando até R$ 2,94 o valor do litro. Ainda segundo a Federação, o leite e seus derivados chegaram a sofrer aumento de mais de 20% entre 2022 e 2023. Na Capital, Junio José da Silva Elias, relatou baixa nos valores em sua loja. “Tem uns dois meses que o leite está em baixa. Aqui estamos recebendo das fábricas por até R$ 4,60 reais o litro e estamos revendendo entre R$ 4,99 e R$ 5,99 o litro.” O economista, Marcelo Teles, explica que o motivo para esta disparada nos preços pode ser a queda no volume de leite produzido nas propriedades rurais do estado e do país nos últimos meses. Segundo ele, depois que um crescente número de produtores reduziu a produção ou até deixou a pecuária leiteira por conta da pandemia causada pela Covid19, nos anos de 2020 e 2021.
As famílias da classe C são as que mais sentem o impacto. As que ganham entre R$ 5,2 mil e R$ 13 mil mensais, gastam em média um terço, o equivalente a 33,3%, dos rendimentos com alimentação, segundo pesquisa divulgada no mês de abril pelo Instituto Locomotiva. Entre as da classe B, com rendimento de R$ 13 mil a R$ 26 mil, o percentual da renda comprometida com alimentação cai para 13,2%. Para as famílias com rendimentos entre R$ 1,3 mil e R$ 5,2mil, classificadas como classes D e E, mais da metade do dinheiro recebido mensalmente (50,7%) é gasto com comida. A classe C, segundo a pesquisa, representa no Brasil aproximadamente 109 milhões de pessoas, a maioria negras (60%). Quase a metade dessas famílias são chefiadas por mulheres (49%) e 52% dessa população não concluiu o ensino médio. “Chefiados por mulheres porque parte é mãe solteira”, detalha o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles. Nos últimos anos, em um processo agravado pela pandemia da covid-19, Meirelles disse que houve perda do poder de compra dessas famílias. “Há cinco anos, com 40% do valor de um salário-mínimo dava para comprar uma cesta básica. Hoje, 59% do valor do salário-mínimo dá para comprar uma cesta básica”.