Oftalmologia, cardiologia e neurologia foram os procedimentos não emergenciais que mais deixaram de ser feitos entre março e dezembro de 2020 por conta da pandemia
DA REDAÇÃO
Cerca de 27 milhões de procedimentos de saúde, que não são considerados emergência, deixaram de ser realizados entre março e dezembro de 2020 por conta da pandemia de Covid-19. O levantamento foi realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) que constatou a redução de, pelo menos, 16 milhões de exames de diagnóstico, 8 milhões de procedimentos clínicos, 1,2 milhão de pequenas cirurgias e 210 mil transplantes de órgãos, tecidos e células.
As áreas mais afetadas entre março e dezembro de 2020, em comparação com o mesmo período do ano anterior, foram as consultas e exames em Citopatologia (-51%), neurologia (-40%), anatomopatologia (-39%), cardiologia (-38%), oftalmologia (-34%) e medicina clínica (-33%).
Já os procedimentos que tiveram maior redução foram os de oftalmologia (-6,2 milhões), seguidos por radiologia e diagnóstico de imagem (-5,3 milhões), médico-clínico (-2,8 milhões) e radioterapia (-2,5 milhões).
Exames preventivos contra o câncer, por exemplo, também estão entre os que sofreram queda no período. A mamografia bilateral para rastreamento – que descobre precocemente o câncer de mama – teve queda de 3,2 milhões, entre março e dezembro de 2019, para 1,7 milhão no mesmo período de 2020.
De acordo com o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Donizetti Giamberardino, ainda vai levar tempo para que os atendimentos eletivos sejam normalizados. “Vai ser necessário, além de 2022, para nós recuperarmos todos esses atendimentos, todo acompanhamento e monitoramento das doenças prevalentes, toda realização de diagnósticos em câncer, doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão arterial”, explica.
Ainda segundo Donizetti a população deve procurar atendimento médico, mas seguindo todas as medidas sanitárias recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “A retomada dos serviços médicos deve acontecer, os cidadãos não devem mais protelar seus sintomas, suas queixas e procurar serviços médicos, mas devem, sim, cumprir todas as medidas de cautela para a proteção contra a Covid-19”, destaca.
Segundo o Ministério da Saúde, no primeiro semestre deste ano foram realizadas 3,7 milhões de cirurgias eletivas, com aumento em relação ao mesmo período de 2020, que apresentou 3,4 milhões desses procedimentos.
Covid-19
O Brasil soma 21.006.424 casos de Covid-19 e 587.066 mortes em decorrência da doença. Deste total, 215 foram registrados nas últimas 24 horas. Os dados são do balanço mais recente do Ministério da Saúde, divulgado nesta segunda (13).
O número de pessoas recuperadas ultrapassa 20.076.733, o que representa 95,6% do total de casos. Existem, ainda, 342.625 pessoas sob acompanhamento e 3.437 óbitos estão em investigação, que são os casos em que exames de diagnóstico são feitos após a morte do paciente.
O estado do Rio de Janeiro segue superando a média nacional com a maior taxa de letalidade do País (5,51%). Em seguida estão São Paulo, Amazonas e Pernambuco, todos com o índice acima dos três pontos percentuais. A taxa de letalidade média do Brasil é de 2,8%.
Taxa de letalidade nos estados
- Rio de Janeiro – 5,51%
- São Paulo – 3,42%
- Amazonas – 3,22%
- Pernambuco – 3,19%
- Maranhão – 2,87%
- Pará – 2,82%
- Goiás – 2,74%
- Alagoas – 2,59%
- Ceará – 2,58%
- Paraná – 2,57%
- Minas Gerais – 2,56%
- Mato Grosso – 2,56%
- Mato Grosso do Sul – 2,55%
- Rondônia – 2,46%
- Rio Grande do Sul – 2,43%
- Piauí – 2,19%
- Bahia – 2,17%
- Sergipe – 2,16%
- Espírito Santo – 2,16%
- Distrito Federal – 2,13%
- Paraíba – 2,12%
- Acre – 2,07%
- Rio Grande do Norte – 1,99%
- Tocantins – 1,68%
- Santa Catarina – 1,62%
- Amapá – 1,60%
- Roraima – 1,55%
Entre os municípios, São Luiz do Paraitinga (SP) tem a maior taxa de letalidade nacional, apresentando 31,33%. Em seguida vêm Boa Vista do Gurupi (MA), com 26,67%; Miravânia (MG), com 20%; Paço do Lumiar, que registra 16,11%; e Ribeirão (PE), cujo índice é de 16,09%.
Trinta municípios têm taxas de letalidade em 0%, ou seja, não houve nenhum óbito pela doença confirmado até o momento. Entre eles estão Mateiros (TO), Campo Azul (MG) e Pedra Preta (RN).
Os números têm como base o repasse de dados das Secretarias Estaduais de Saúde ao órgão.
Fonte: Brasil 61