A despeito das batalhas travadas pelas redes sociais envolvendo, principalmente, adeptos de suas propostas, Roberto Naves (PP) e Antônio Gomide (PT) se portaram como “inimigos cordiais” nos veículos de comunicação na segunda fase da disputa
Nilton Pereira
Os dias que se seguiram ao resultado do primeiro turno das eleições municipais/2020, em Anápolis, no que se referiu à campanha de divulgação dos dois candidatos classificados, não apresentaram novidades mais contundentes no encaminhamento de projetos, propostas e ideias. O candidato do PP, atual Prefeito Roberto Naves, fez questão de enfatizar o trabalho que realizou durante quatro anos no campo administrativo, direcionado críticas, às vezes, indiretas, ao seu oponente, que, também, governou a Cidade pro dois mandatos. Naves, entretanto, fez questão de enumerar as obras físicas e sociais que proporcionou ao Município e deixou, praticamente, em segundo plano, a questão política/partidária. Neste quesito, “alfinetou” o PT valendo-se do desgaste que o partido adversário atravessa em nível nacional. Falou das dificuldades que encontrou na Prefeitura, quando assumiu, após o “governo do PT”, com o que classificou de forte crise econômico/financeira e a “casa desarrumada”.
Para o candidato pepista, o partido adversário (no caso o PT) prestou “um desserviço à Cidade e o candidato (Antônio Gomide) tenta esconde isso, não assumindo ser membro da citada sigla”. Outra colocação feita, reiteradamente, pelo prefeito candidato à reeleição foi quanto ao isolamento que, em sua opinião, Anápolis ficaria, caso não eleja um candidato parceiro dos governos Estadual e Federal, a saber, Ronaldo Caiado e Jair Bolsonaro.
Versão do PT
Na contrapartida disso, o ex-prefeito, deputado estadual Antônio Gomide, candidato a um eventual terceiro mandato de Prefeito em Anápolis, tem assegurado que “os partidos erram, o PT erra, os outro erram. E, quem erra, que pague pelos seus erros”. Mas, fez questão de reafirmar que não é “candidato de partido, e, sim, da comunidade. Foi este povo que me deu a maior votação para prefeito na história de Anápolis. Isto não tem como negar”, disse Gomide em diversas ocasiões.
O candidato petista, também, disse nas emissoras de rádio e TV que a ideia de isolamento por ser de partido adversário do atual Governador e o do atual Presidente da República, em nada interferiria em um provável governo petista. “Os municípios têm verbas constitucionais, independentemente de partidos políticos. A divisão do bolo tributário obedece à Constituição Federal e, mesmo que o Governador, ou, o Presidente da República quisessem, não teriam como impedir o carreamento de recursos para os municípios”. Gomide disse, mais, que, vencendo as eleições, não teria qualquer dificuldade em dialogar com os demais níveis de Governo e que “o Governador e o Presidente da República não são governantes de partidos e, sim, de estados e da União”.
Falas na Rádio
(Por Priscila Marçal)
Na segunda-feira (23) e na terça-feira, (24) os dois candidatos falaram ao programa “O X da Questão” da Rádio Imprensa 104,9 FM. Por sorteio, o primeiro entrevistado foi o candidato do Partido dos Trabalhadores. Antônio Gomide, e sua companheira de chapa, Professora Maria Geli. Eles falaram sobre suas propostas para a administração da Cidade e estratégias para conquistarem o voto do eleitor anapolino.
Gomide agradeceu pelos 50.843 votos que recebeu no primeiro turno, o que representou 28,87% dos votos válidos. Segundo o candidato, a estratégia, agora, é buscar os votos que os sete outros candidatos receberam nas urnas. Para isso, investe nas visitas presenciais aos eleitores, além do trabalho nas redes sociais e entrevistas em rádio e TV.
O candidato disse, também, que recebeu o apoio do Sindicato dos Professores e do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais e que pretende trabalhar por essas categorias, manter o salário dos professores equiparado ao piso nacional e oferecer plano de carreira aos servidores públicos municipais.
Antônio Gomide, também, comentou a eleição dos vereadores. A maioria é de oposição ao Partido dos Trabalhadores que elegeu, apenas, dois vereadores, metade do que ocorreu nas eleições de 2016, quando quatro petistas venceram o pleito. Disse que o número é maior do que em 2008, quando foi eleito pela primeira vez. Naquela época, segundo ele, Anápolis tinha, apenas, um vereador do PT e, mesmo assim, conseguiu executar o trabalho e receber o reconhecimento do eleitor, sendo reeleito com 89% dos votos. A candidata a vice, Professora Maria Geli, comemorou a vitória recorde de cinco mulheres que vão ocupar as cadeiras da Câmara de Vereadores a partir do ano que vem.
Gomide e Geli, também, dedicaram um considerável tempo para reforçarem as propostas para a administração da Cidade. Entre os destaques, o candidato afirma que pretende construir mais três mil casas populares e, pelo menos, duas escolas em tempo integral: uma na região do Recanto do Sol, outra na região do Setor Industrial Munir Calixto. Também, destacou os projetos para a infraestrutura, asfalto de qualidade para toda a Cidade; resolução para o problema das erosões, especificamente dos bairros Cidade Jardim e São Carlos; a duplicação de avenidas importantes, como no Recanto do Sol e a Avenida Cachoeira Dourada, na Vila São Joaquim.
Roberto Naves
Candidatos à reeleição, Roberto Naves (PP), e seu vice, Márcio Cândido (DEM), foram recebidos na terça-feira, 24 na Rádio Imprensa. Eles falaram sobre os projetos que pretendem executar caso conquistem um segundo mandato. Naves afirmou estar mais experiente e maduro, o que contribuirá para que, em um provável segundo mandato, governe com menor margem de erros e seja mais rápido na execução de suas ações. Um dos entraves que pretende melhorar, numa possível próxima gestão, é diminuir a burocracia do sistema administrativo.
No primeiro turno, Roberto recebeu 82.139 votos, o que representou 46,64% do eleitorado anapolino, faltando pouco mais de 3% para ser eleito já em primeiro turno.
Apesar de parecer ser a preferência entre os eleitores, o candidato afirma que não vai “baixar a guarda”. Disse que o número de abstenção de votos, também, foi alto (74.637 eleitores faltosos), sem contar os votos brancos e nulos (que somaram 18.792 votos). Para o candidato a ausência do eleitor nas urnas pode alterar o resultado das eleições. Se conquistar a reeleição, o candidato disse que vai priorizar a Saúde, com a inauguração da UPA geriátrica e a construção de um novo Hospital Municipal; o Social com novos projetos, alguns em andamento e a geração de Empregos, principalmente com a conclusão do projeto do distrito industrial municipal, ou Politec.
Além dessas áreas específicas, e de outras propostas apresentadas em seu plano de governo, o candidato do PP dedicou um tempo para abordar um dos maiores desafios de sua gestão atual, que é o problema da água. Explicou a situação em quatro etapas. Primeiro a oferta de água bruta. Segundo ele, em 2018, foi feita a transposição do Ribeirão Capivari para o Ribeirão Piancó, aumentando-se a oferta de água que deve ser suficiente para abastecer a Cidade nos próximos cinco anos. Enquanto isso, uma barragem será construída, o que deve garantir água para Anápolis nos próximos 50 anos.
O segundo ponto é o tratamento da água. O candidato explicou que a atual Estação de Tratamento está em sua capacidade limite, que é tratar 900 litros por segundo e está no cronograma de obras do novo contrato com a SANEAGO a ampliação da estação, aumentando a capacidade da ETA.
O terceiro ponto é um problema pontual que surgiu do ano passado pra cá: a energia elétrica para o funcionamento das bombas de extração de água no Piancó. Segundo Roberto Naves, em uma reunião com o Presidente da SANEAGO, solicitou a implantação de uma subestação de energia própria, o que iria solucionar o problema.
O quarto, e último ponto, é a rede de distribuição, a canalização que leva a água tratada aos domicílios. O candidato disse que, também, está previsto no contrato a melhoria e ampliação da rede e que vai acompanhar o cumprimento dos prazos pela Agência Reguladora Municipal.