Com a pandemia, os mais pobres sofreram muito mais o impacto do que as classes mais ricas
DA REDAÇÃO
No último dia 09, setembro de 2021, um estudo da FGV Social apontou que a taxa de desemprego da metade da população brasileira mais pobre subiu quase dez pontos apenas durante a pandemia. Ao mesmo tempo que a população mais rica teve uma taxa de 0,27% de diferença.
Além disso, o estudo mostrou que a renda média dos brasileiros teve uma queda de mais de 9% quando comparado ao final de 2019, antes do início da pandemia do Covid-19.
Em síntese, o objetivo do estudo era entender melhor a condição da população mais pobre diante da taxa de desemprego e também o aumento da busca por uma nova fonte de renda, como meio de sanar as necessidades básicas.
Entre aqueles que mais perderam o emprego, o FGV Social destacou os moradores da região Nordeste e idosos com 60 anos ou mais, além da redução na renda de mulheres que possuem filhos devido ao fechamento de creches e escolas.
Neste mesmo cenário, a inflação é um dos pedágios mais caros para a reestruturação da economia e vida dos mais pobres. Considerando todas as perdas dessa população nos últimos meses vale destacar ainda que a inflação desse grupo foi três pontos maior que a população de alta renda, fixando em 10,05% em julho deste ano, de acordo com a estimativa apresentada pelo IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
A busca por novas formas de renda extra
Com a taxa de desemprego em alta e as novas modalidades de funcionamento das empresas, como o home office, que reduziu o número de funcionários, os brasileiros precisaram buscar por outras formas de ganhar dinheiro ou até mesmo ter uma renda extra.
O Serasa Experian, fez um apanhado no sistema, onde apresentou que a inadimplência cresceu abruptamente em 2021, adicionando mais de 1,6 milhões de pessoas negativadas. Isso sem falar nos mais de 61 milhões de brasileiros que já estavam no vermelho em dezembro de 2020.
A plataforma de análise de crédito ainda mostrou que o maior setor de dívidas em atraso inclui serviços essenciais, como água, luz e gás, assim como também as financeiras, cartões de crédito e serviços bancários.
Em Manaus, por exemplo, a taxa de desemprego assolou famílias de tal maneira que, 40% dos entrevistados pelo Acordo Certo afirmaram que precisaram vender itens pessoais para complementar a renda da casa.
O Portal do Empreendedor do Governo Federal registrou em novembro de 2020 mais de 11.255.656 brasileiros registrados como MEI, sinalizando um aumento expressivo quando comparado ao início do ano, em março.
Dessa forma, milhares de brasileiros começaram a buscar uma nova fonte de renda como forma de driblar o desemprego e lidar com o aumento no custo de vida, considerando a crescente nos preços de serviços básicos.
Ao mesmo tempo, profissionais qualificados do mercado também iniciaram uma busca por novas oportunidades, de acordo com Robert Half realizada em 23/06/2020. Neste caso, o medo era o de perder o emprego diante do fechamento das empresas, cortes de gastos/colaboradores e mudanças no formato de trabalho. Já que muitas empresas reduziram o salário como tentativa de evitar demissões.
Um levantamento realizado pelo Sebrae-SP, sendo São Paulo um dos estados com maior número de microempreendedores do país, entre as formas de renda extra mais buscadas estão aquelas na área do comércio varejista de vestuário e acessórios, estética, preparo de alimentos para consumo e internet.
O aumento na taxa de desemprego fazem pessoas procurarem uma renda extra, impulsionando o crescimento de novos mercados e também evidenciando diversos problemas econômicos, como a desigualdade social.
Agora, com a vacinação e um retorno lento do funcionamento das empresas, será possível notar um novo cenário comercial, novas recolocações que podem ou não se consolidar nos próximos meses.
Fonte: Agência Dino