Anápolis experimentou três grandes saltos econômicos

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A economia é uma vocação histórica de Anápolis

Por Priscila Marçal

Ao longo de seus 144 anos, Anápolis experimentou três grandes saltos econômicos: o comércio atacadista, a indústria e a prestação de serviços. Esses avanços econômicos transformaram uma pequena vila pacata, esquecida no interior de Goiás, em um grande centro de negócios e oportunidades.

Uma das pessoas que aproveitaram as oportunidades disponíveis em Anápolis é o cinegrafista Douglas Lopes. Ele nasceu e cresceu no Rio de Janeiro, mas veio para Anápolis em busca de oportunidades de trabalho. “Enxerguei em Anápolis uma chance de crescer e isso realmente aconteceu, não só profissionalmente, mas também pessoalmente. Vim pra cá solteiro, hoje sou casado, tenho um filho e muitos projetos para realizar aqui”, disse o cinegrafista que confessa que não tem nenhuma vontade de voltar para a terra natal.

Panorâmica mostra a imensidão da cidade de Anápolis, que já tem quase 400 mil habitantes

Assim como o Douglas, muitas outras pessoas escolheram Anápolis para viver e ajudaram a construir a história da cidade. Na última década, a população do município cresceu 14,59%.

Essas pessoas contribuem para desenvolver a economia da cidade. Só para se ter uma ideia, o Produto Interno Bruto (PIB) de Anápolis é de R$ 14,23 bilhões, o segundo maior do Estado de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para o economista Márcio Dourado, essa riqueza acumulada em Anápolis não é um dinheiro que fica parado apenas nas esferas mais ricas da cidade. “O dinheiro circula. O empresário do Daia faz compras no mercado; o mercado emprega operadores de caixa e empacotadores; esses funcionários usam seus salários para pagar despesas e impostos; o dinheiro do imposto é usado em obras na cidade; as obras empregam empreiteiros que gastam seus salários também em Anápolis; enfim, é uma cadeia econômica. Todo esse dinheiro do PIB está circulando, gerando emprego e renda”.

A história da economia de Anápolis

Era do Comércio Atacadista (décadas de 30 a 60)

O desenvolvimento econômico é a grande vocação de Anápolis. E isso é histórico. Em 1935, com apenas 28 anos de emancipação política, a cidade deu seu primeiro grande salto econômico com a chegada da ferrovia. A Estrada de Ferro Goyaz, era uma extensão da Rede Mineira de Viação, que se interligava a outras ferrovias, chegando até ao litoral brasileiro. O ponto final da ferrovia Goyaz era em Anápolis.

Primeira locomotiva chegou a Anápolis em 1935

Por isso a cidade conquistou grande relevância econômica para o Estado. Como nas décadas de 30, 40 e 50 não havia grandes indústrias em Goiás, os produtos industrializados vinham de São Paulo e Minas Gerais pela ferrovia e, quando descarregados em Anápolis, eram distribuídos para o restante do Estado. E, os vagões voltavam para os estados do Sudeste, São Paulo e Minas Gerais, carregados de produtos agropecuários de Goiás, principalmente algodão, café, arroz e animais vivos.

Com isso, rapidamente, a partir da década de 30, Anápolis deixou de ser uma pacata comunidade no interior de Goiás, e se transformando em um grande centro econômico. As cidades mais próximas daqui traziam seus produtos em carros de boi; as mais longínquas enviavam caminhões. Anápolis recebia cargas agropecuárias até, do, Maranhão e do Pará.

Para armazenar todos esses produtos vindos de outros locais, foi necessário construir grandes galpões que empregavam centenas de pessoas na cidade. Com o tempo, chegou a indústria da transformação: os armazéns evoluíram com a instalação de máquinas beneficiadoras de arroz e café.

As áreas industriais de Anápolis cresceram, além do centro da cidade, os bairros Maracanã, Jundiaí Industrial e JK Industrial, também, tinham sedes de grandes depósitos, muitos deles existem até hoje. E permaneceu assim até a década de 70.

A Era Industrial (décadas de 70 a 2010)

Aos poucos, a cidade estava se industrializando. Então percebeu-se a necessidade de destinar uma área específica para a instalação de novas indústrias, retirando a poluição dos bairros da cidade. Surgiu o Distrito Agroindustrial de Anápolis de Anápolis, o DAIA. Este foi o segundo grande salto econômico de Anápolis.

Vista aérea do Daia

A estrutura do distrito somada aos benefícios fiscais, atraiu grandes indústrias para a cidade, gerando emprego, renda, desenvolvimento e colocando, definitivamente, Anápolis no mapa das cidades mais industrializadas do país.

Hoje o Daia possui 150 empresas, que geram 20 mil empregos diretos e outros tantos empregos indiretos. A fila de empresas que aguardam uma oportunidade de se instalarem aqui, também, é grande, mas essas empresas se esbarram na falta de espaço no distrito.

Neste mês, o Governo de Goiás anunciou a expansão da área do DAIA. Parte do espaço que havia sido destinado, originalmente, para a instalação da Plataforma Multimodal, agora vai receber novas indústrias.

Com o DAIA, grandes projetos também vieram para Anápolis. O investimento em infraestrutura nos últimos 20 anos foi grande. Por causa do distrito a ferrovia Norte-Sul passa por aqui, a cidade recebeu um aeroporto de cargas e um centro de convenções. Obras milionárias, que quando estiverem em pleno funcionamento, vão gerar, ainda mais, empregos e renda para o município.

A vinda de tantos investimentos para Anápolis ao longo dos últimos 50 anos, também, atraiu trabalhadores de outras cidades e até de outros estados. São pessoas que estudam, vão ao médico, frequentam academias e salões de beleza, ou seja, precisam da prestação de serviço de profissionais especializados.

A Era da Prestação de Serviços (de 2010 até os dias de hoje)

A prestação de serviços é o ramo da economia que mais cresce em Anápolis. Na última década o setor ganhou musculatura, se aprimorou e, hoje, se destaca entre outras cidades do Estado. Anápolis se tornou um grande centro universitário e referência em oferta de serviços de saúde, como já falamos nos episódios anteriores deste Especial.

Por isso, o crescimento na prestação de serviços em Anápolis é o terceiro grande salto econômico que a cidade experimentou desde sua fundação. Só relembrando, entre as décadas de 30 e 60 reinou o comércio atacadista, entre os anos 70 e 2010 Anápolis experimentou os anos de ouro da Indústria e desde a última década assistimos o protagonismo da prestação de serviços.

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