Balanço positivo da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores mostra que, mesmo com aumento de vendas, setor ainda não voltou ao patamar pré-pandemia
DA REDAÇÃO
O balanço positivo registrado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) no mês de janeiro, com aumento de venda e exportação de veículos produzidos, não reflete necessariamente uma recuperação forte do setor, em relação a janeiro de 2022. É o que afirma o presidente da entidade, Márcio de Lima Leite.
Segundo ele, em janeiro a Anfavea registrou um crescimento de 12,9% nas vendas, em comparação ao mesmo período do ano passado. Também houve um aumento de 5% no número de unidades produzidas. Da mesma forma, o volume de exportações – no mesmo período – cresceu ao patamar de 19,3%, apesar da queda dos mercados do Chile e da Colômbia.
Este crescimento não reflete, ainda, a realidade que o setor automotivo conseguiu alcançar no período pré-pandemia. De acordo com Márcio Leite, antes do lockdown o Brasil estava numa retomada positiva, liberando cerca de 3 milhões de unidades por ano. Atualmente, a produção do país está em pouco mais de 2 milhões/ano.
Mas, além da pandemia, a recuperação do setor também foi desacelerada por causa da crise de abastecimento de semicondutores – que atingiu a indústria automotiva de dois anos para cá. Porém, o presidente da Anfavea acrescentou que a taxa de juros é, atualmente, o principal motivo de descontentamento entre os fabricantes porque a crise da escassez de semicondutores já foi superada: “A questão da demanda começa a dar sinal negativo pela alta taxa de juros”, destacou.
Taxa de juros
Segundo Márcio Leite, a retomada da indústria brasileira depende substancialmente de baixar a taxa de juros para o consumidor, que atualmente está em torno de 30% ao ano. “Essa taxa se torna inviável para a classe média, que pretende trocar seu veículo”, explicou.
Quem concorda com o presidente da Anfavea é o economista Newton Marques. O professor licenciado da Universidade de Brasília (UnB) avalia que a taxa de juros imposta pelo Banco Central está muito elevada, porque o benefício da elevação dos juros para controlar a inflação já cumpriu o seu papel.
“Os números divulgados pelo mais recente IPCA [Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo] revelam que são os alimentos que estão pressionando a inflação, demonstrando portanto que a questão não é de demanda”, observou o professor, que já trabalhou no BC por 45 anos. Para ele, uma eventual decisão do Banco Central de reduzir a taxa de juros seria um dos principais fatores para favorecer a retomada da atividade econômica.
Perspectivas
Em relação ao futuro do setor automobilístico, o presidente da Anfavea explicou que, historicamente, fevereiro é um mês de baixa no comércio de veículos. Os motivos seriam o fato de ser um mês menor, além do feriado de carnaval.
Portanto, conforme o representante da entidade, o ano de 2023 não deve apresentar grandes variações em relação ao ano anterior. “No ano passado, nós fechamos em torno de 2.100 [milhões de unidades] e a expectativa para esse ano não é muito diferente”, adiantou, para concluir em seguida: “Estamos apostando em um 2024 melhor”.
Fonte: Brasil 61