A epidemia da solidão: o Brasil é o país mais solitário do mundo

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A solidão está aumentando tanto a ponto de muitos países identificarem que a maioria da população tem sintomas moderados e graves da doença. Tudo foi potencializado pela pandemia

Por Priscila Marçal

“Não é bom que o homem esteja só”. Esta é uma das primeiras declarações de Deus registradas na Bíblia, em Gênesis 2.18. Depois do Éden, Deus criou Adão e decidiu que ele não deveria ficar sozinho. Milhares de anos depois, apesar de haver 8 bilhões de pessoas no mundo, a maioria delas se sente só.

Pesquisas de diversas fontes fundamentam a tese de que a solidão está aumentando tanto, a ponto de se tornar uma epidemia. A Revista Superinteressante publicou a reportagem “A explosão da solidão”, onde aponta um estudo da Universidade da Califórnia, que identificou que nos EUA, 76% das pessoas apresentam níveis moderados ou altos de solidão e, na Inglaterra, 66% da população apresenta sintomas de solidão crônica.

Tudo isso foi potencializado pela pandemia da Covid-19, isso porque, uma das principais orientações das autoridades em saúde é o isolamento social. Antes da pandemia, o aumento no uso das redes sociais também era um fator agravante da solidão, os internautas tem milhares de amigos e seguidores virtuais, mas pouquíssimos ou nenhum amigo de verdade.

Segundo o psicólogo Daniel Soares, a solidão está presente na realidade de muitas pessoas. “É possível que alguém esteja rodeado de muitas pessoas e, ainda assim, se sentir só. Isso porque a solidão independe da existência física de outras pessoas, é algo desenvolvido dentro do ser que se sente solitário”.

O psicólogo citou uma pesquisa publicada em janeiro deste ano que apontou que os brasileiros são o povo que mais se sente solitário em todo o mundo. A pesquisa ouviu mais de 23 mil pessoas em 28 países. Em segundo lugar vieram os turcos e depois os indianos e sauditas.

Na reportagem da Revista Superinteressante, outros dados sobre o Brasil são apresentados: entre 2004 e 2014, o número anual de divórcios aumentou 250% (12 vezes mais que o aumento no número de casamentos). E entre 1991 e 2019, a quantidade de pessoas que moram sozinhas no Brasil subiu 340% (dez vezes mais que o crescimento da população como um todo).

Consequência da solidão

A reportagem da Revista Superinteressante dedica um espaço para apresentar as consequências da solidão na saúde daquele que sofre deste mal. “O problema é que ela mata. Solitários têm 29% mais chances de sofrer de doenças cardíacas; 32% mais risco de ter um AVC; e são 200% mais propensos a desenvolver Alzheimer” diz o texto, que aponta ainda outros dados:

  • Em mulheres solitárias, a reincidência de câncer de mama é 40% maior, e a propensão à letalidade chega a 60%;
  • Quem já experimentou um grau elevado de solidão tem três vezes mais chances de cair em depressão;

A reportagem continua apresentando informações sobre o risco de morte potencializado pela solidão, em referência à uma pesquisa publicada pela psicóloga americana Julianne Holt-Lunstad, que analisou os dados de 148 estudos. Somando todos os fatores envolvidos, a solidão crônica aumenta em até 50% o risco de morte:

  • A solidão é mais letal que a obesidade, que eleva em 20% o risco de morrer;
  • É mais letal que o alcoolismo;
  • Tem 30% a mais de risco e consegue ser tão nociva quanto o tabagismo (é tão mortal quanto fumar 15 cigarros por dia).

Atitudes que podem evitar ou tratar a solidão

O psicólogo Daniel Soares dá algumas dicas para a pessoa que sente sintomas de solidão. Seguindo essas orientações, é possível evitar os casos graves, minimizar os efeitos e até mesmo acabar com a solidão:

  1. Entenda que algo ruim está acontecendo. “Reconhecer sua situação é o primeiro passo para buscar ajuda e tomar atitudes para evitar que o quadro se agrave”, explica o psicólogo;
  2. Esteja aberto para aprender coisas novas. “Aprendendo novas coisas você sai da situação que te deixa estagnado, além disso te ajuda a conhecer novas pessoas”, afirmou.
  3. Encontre um hobby. “É necessário seguir em frente, distrair a cabeça, mudar a rotina. Quem sabe nesse hobby novo você encontra pessoas que também compartilha dos seus novos interesses”, pontua.
  4. Procure um psicólogo. “Não espere a situação piorar. A solidão pode evoluir para depressão. Quanto antes iniciar um tratamento, mais cedo você se liberta da doença”, finaliza.

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