Avanços na medicina mostram que manter a saúde dos dentes pode ter impacto direto na prevenção de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer e o Parkinson.
Nos últimos anos, pesquisas médicas vêm revelando uma relação intrigante entre a saúde bucal e o desenvolvimento de doenças neurológicas, em especial o Alzheimer. A descoberta reforça a importância da higiene oral como uma aliada na proteção da saúde cerebral a longo prazo.
Como problemas bucais podem afetar o cérebro?
A saúde bucal está intimamente ligada ao funcionamento de outros sistemas do corpo humano. Infecções como a periodontite, quando não tratadas corretamente, são capazes de desencadear uma série de complicações, incluindo doenças cardiovasculares e neurológicas.
Segundo especialistas, infecções bucais podem causar um processo inflamatório sistêmico, aumentar o estresse oxidativo e acelerar a neurodegeneração. Além disso, essas infecções favorecem o acúmulo de placas de beta-amiloide, proteína ligada ao desenvolvimento do Alzheimer.
Bactéria oral no cérebro: o que dizem os estudos?
Um estudo publicado na revista Science Advances em 2019 identificou a presença da bactéria Porphyromonas gingivalis – principal agente da doença periodontal – no cérebro de pacientes com Alzheimer.
“A principal hipótese é que a bactéria entra na corrente sanguínea por meio da gengiva inflamada, atravessa a barreira hematoencefálica, que protege o cérebro, e se instala ali, promovendo inflamação e estimulando a produção de beta-amiloide”, explica a cirurgiã-dentista Bruna Conde. A bactéria também pode chegar ao cérebro por vias nervosas, como o nervo trigêmeo, que conecta a boca ao sistema nervoso central.
Ainda que as evidências sobre a relação com o Parkinson sejam mais fracas, um estudo sul-coreano publicado na revista Nature em 2021 observou possíveis correlações entre a doença periodontal e o desenvolvimento da condição neurológica.
A higiene bucal pode prevenir doenças neurodegenerativas?
Apesar dos avanços, a ciência ainda não confirma de forma definitiva que bons hábitos de higiene bucal previnam o Alzheimer, o Parkinson ou outras doenças neurodegenerativas. Ainda assim, a prevenção de infecções orais é crucial para evitar inflamações sistêmicas que comprometem a saúde geral.
“Essas medidas incluem escovação adequada dos dentes pelo menos três vezes ao dia, uso de fio dental, consultas regulares ao dentista, alimentação equilibrada e o controle de doenças gengivais”, orienta Bruna Conde. Ela também ressalta a importância do acompanhamento com um periodontista em casos recorrentes de inflamação gengival.
Um estilo de vida saudável como proteção para o cérebro
Além do cuidado com a saúde bucal, outros fatores também contribuem para a saúde cerebral. Entre eles, estão:
- Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de açúcar
- Manter uma alimentação rica em antioxidantes
- Praticar atividades físicas com regularidade
- Dormir bem e cuidar da saúde mental
A integração entre médicos e dentistas no acompanhamento da saúde geral do paciente é cada vez mais necessária. O que acontece na boca pode, sim, refletir diretamente no cérebro.
Manter o sorriso saudável pode ser uma forma de proteger também sua memória e seu futuro. Fique atento aos sinais do seu corpo — da cabeça aos pés.
Por Damares Ramos, com informações da CNN Brasil