Recentes episódios envolvendo estudantes de medicina em diferentes regiões do Brasil têm gerado indignação e levantado sérias preocupações sobre a formação ética dos futuros profissionais da saúde. Na Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, 12 alunos foram desligados e outros 11 afastados após cantarem um hino e exibirem uma faixa com apologia ao estupro durante uma competição esportiva universitária.
Outros casos também chamaram atenção. Três estudantes de medicina foram denunciados por expor pacientes em situação de vulnerabilidade nas redes sociais, atitude que viola diretamente os princípios de sigilo e respeito exigidos na profissão. Em Anápolis, Goiás, uma estudante filmou a realização de um exame ginecológico dentro de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), registrando e divulgando imagens que expunham a intimidade da paciente, o que causou revolta nas redes sociais e entre profissionais da saúde.
Há ainda outro episódio que gerou comoção: há três semanas, as estudantes Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeira Soares Foffano publicaram um vídeo zombando da jovem Vitória Chaves da Silva, de 26 anos, que vive com uma cardiopatia congênita e já passou por três transplantes de coração e um de rim. A atitude foi duramente criticada por médicos e usuários da internet.
Para especialistas, esses comportamentos indicam falhas estruturais na formação médica. Embora fatores individuais e familiares influenciem a ética pessoal, é papel das instituições de ensino reforçar valores como empatia, respeito e responsabilidade. A ausência de critérios mais rigorosos de seleção e acompanhamento, bem como a falta de punições consistentes, contribui para a banalização de comportamentos inaceitáveis no ambiente da saúde.
A formação médica vai muito além do conhecimento técnico. Trata-se, sobretudo, de um compromisso com a vida, o bem-estar e a dignidade humana. Casos como esses devem servir de alerta e gerar reflexão sobre o modelo atual de ensino, que precisa ser revisto para garantir que os profissionais formados estejam verdadeiramente preparados para cuidar de pessoas com ética, responsabilidade e humanidade.
Com informações Gazeta do Povo