Ao contrário dos aterros públicos, a maioria ainda lixões, empresas especializadas investem em alta tecnologia e segurança operacional, inclusive em Goiás
Os aterros sanitários são uma das soluções mais eficazes para a disposição final de resíduos sólidos urbanos. Garantem que o lixo seja tratado de forma ambientalmente adequada e minimiza os impactos negativos sobre o meio ambiente e a saúde pública. No Brasil, e em Goiás em particular, a participação da iniciativa privada na gestão dos aterros tem crescido, mas ainda existe um grande potencial.
Segundo levantamento do governo federal, divulgado no final do ano passado, existiam cerca de 270 aterros licenciados em operação no Brasil. Sendo dois deles na Grande Goiânia. Já os chamados lixões, administrados pelas prefeituras municipais, somam quase 3 mil ainda em operação no país, segundo a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema). Inclusive o da capital goiana, que sequer tem licença ambiental.
Conforme balanço da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), em dezembro de 2024 mais de 20% dos municípios goianos ainda estavam em situação irregular. O Programa Lixão Zero, implantado pela Semad, foi elaborado pelo governo de Goiás com o objetivo de ajudar os municípios a se adequarem ao Plano Nacional de Resíduos Sólidos.
Destinação correta
Segundo o presidente da Abrema, Pedro Maranhão, os aterros sanitários privados licenciados são o melhor destino para os resíduos sólidos urbanos. Principalmente, por oferecerem a estrutura necessária para mitigar os efeitos nocivos do metano e do chorume no meio ambiente.
“Garantem uma solução segura e eficiente para o descarte de resíduos quando outras alternativas, como compostagem e reciclagem, não são viáveis. Trata-se de uma garantia essencial para a gestão ambientalmente responsável dos resíduos”, afirma o dirigente.
Os aterros sanitários privados se destacam pela eficiência operacional de empresas especializadas. Possuem tecnologia avançada e conhecimento técnico para garantir que os resíduos sejam tratados de maneira ambientalmente correta, evitando a contaminação do solo, da água e do ar.
Diferentemente da maioria dos aterros públicos operados pelos municípios, as empresas investem em equipamentos modernos, sistemas de monitoramento e processos. Isto aumenta a segurança e a eficiência do gerenciamento dos resíduos, resultando em um menor impacto ambiental.
Exemplo goiano
Um exemplo é o aterro sanitário da Resíduo Zero Ambiental, do Grupo SOLVÍ, que começou a operar em 2018 no município de Guapó, na Região Metropolitana de Goiânia. Ele já recebe resíduos de 56 cidades goianas, como Pirenópolis, Rio Verde e, mais recentemente, Inhumas.
A Resíduo Zero atua na gestão de resíduos e possui em sua unidade um aterro sanitário e outro industrial para disposição de resíduos, autoclave para tratamento de resíduos do serviço de saúde, e ETE para tratamento de chorume e demais efluentes. Recebe, em média, 800 toneladas por dia de resíduos, provenientes de empresas e dos municípios atendidos.
Em março deste ano, começou a tratar do lixo do município de Inhumas. A prefeitura, com seus caminhões, envia os resíduos para um transbordo, localizado em Goianira. De lá, utilizando carretas, são transportados para o aterro em Guapó. A estimativa é que, só de Inhumas, sejam tratados em média 1,2 mil toneladas de lixo por mês.
O complexo, no entanto, é licenciado e projetado para receber 2,2 mil toneladas/dia. Com essa capacidade ociosa, a empresa está apta a receber resíduos de mais cidades, e assim, contribuir para o fechamento de outros lixões.
Segundo o engenheiro Celso Ribeiro Barbosa, diretor da Resíduo Zero Ambiental, o aterro sanitário da empresa recebe resíduos domiciliares e comerciais, tecnicamente classificados como resíduos Classe 2. Em seu aterro industrial Classe I, o único existente em Goiás, recebe resíduos considerados perigosos, como pilhas, lâmpadas e resíduos contaminados com óleos, graxas e produtos químicos, dentre outros.
Os aterros privados seguem rigorosas normas de órgãos ambientais, como o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). “Essa regulação assegura que os aterros sanitários operem dentro de padrões elevados de qualidade e segurança. Diferentemente dos lixões a céu aberto, uma realidade em muitas regiões do Brasil, agravando problemas de saúde pública e poluição ambiental”, diz o presidente da Abrema.
Principais diferenças entre aterros sanitários e lixões:
Controle ambiental e sanitário
· Aterros sanitários (sejam públicos ou privados) seguem normas ambientais rigorosas (como as da CONAMA e da ABNT). Impedem a contaminação do solo e do lençol freático com mantas impermeabilizantes, drenagem de chorume e captação de gases.
· Lixões jogam resíduos diretamente no solo, sem nenhum tipo de tratamento, causando poluição e doenças.
Gestão profissional
· Empresas privadas geralmente operam com tecnologia moderna, equipes técnicas especializadas e melhores práticas de engenharia sanitária.
· Lixões das prefeituras muitas vezes são operados de forma improvisada, sem infraestrutura ou capacitação técnica adequada.
Valorização de resíduos
· Aterros privados podem contar com estações de triagem e reciclagem, permitindo o reaproveitamento de materiais e até geração de energia (biogás).
· Lixões não fazem separação de resíduos, o que compromete o reaproveitamento e aumenta os impactos ambientais.
Cumprimento da legislação
· Desde a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), os lixões são proibidos no Brasil.
· Aterros sanitários atendem aos requisitos legais, evitando multas e sanções ambientais às prefeituras.
Redução de impactos sociais
· Aterros privados reduzem o número de catadores em condições insalubres. Onde há coleta seletiva organizada, os catadores são incluídos de forma digna.
· Lixões atraem animais, vetores de doenças e afetam comunidades vizinhas com mau cheiro, fumaça e riscos à saúde.
Eficiência econômica no médio/longo prazo
Apesar do custo inicial ser mais alto, aterros sanitários privados podem ser mais eficientes ao longo do tempo devido à:
· Durabilidade da estrutura
· Geração de créditos de carbono
· Menor passivo ambiental
· Lixões podem representar economia imediata, mas geram altos custos futuros com remediação ambiental, saúde pública e justiça ambiental.
Fotos: Aterro sanitário da Resíduo Zero Ambiental, do Grupo SOLVÍ, que começou a operar em 2018, no município de Guapó, Região Metropolitana de Goiânia (Crédito: Resíduo Zero Ambiental)
Fonte: VERSA COMUNICAÇÃO ESTRATÉGICA