Anápolis completa 116 anos, conheça um pouco da história da cidade

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A história de Anápolis começou de uma maneira tão inusitada que parece até um conto, uma fábula

Por Priscila Marçal

Anápolis completa 116 anos nesta segunda-feira, 31 de julho. Muita gente conhece a história da cidade, mas ainda tem muita gente que não conhece ou que gostaria de lembrar alguns detalhes.

Ouça a reportagem preparada pela equipe de jornalismo da Rádio Imprensa. Produção e locução de Priscila Marçal e produção de áudio de Reginaldo Carneiro:

A mula

A história se passa em meados do século XVIII. Conta-se que uma fazendeira, dona Ana das Dores, fazia uma viagem de Silvania (Bonfim) a Pirenópolis (Meia Ponte), e, no percurso, hospedou-se na fazenda Santana das Antas, que fica na região onde hoje é Anápolis.

No dia seguinte, ao acordar, percebeu que uma das mulas estava empacada. Na broaca estava uma imagem de Santana. Ao retirar a imagem da bolsa, a mula levantou. Com esse feito, dona Ana das Dores entendeu que era vontade da santa ficar na região de Anápolis, então fez uma promessa: doaria a imagem à primeira capela construída na região.

Anos mais tarde, em 1871, o filho de Ana das Dores, Gomes de Souza Ramos, cumpriu a promessa da mãe e construiu uma capela onde hoje fica a Praça Santana, na rua Barão do Rio Branco. Acabou que por causa dessa capelinha, a região se tornou um ponto de parada das caravanas e, aos poucos, construíram-se casas nas redondezas.

Cidade de Anápolis

Em 1887, segundo documentos locais, já havia pelo menos 800 habitantes e um comércio pequeno, que vendia fumo, cachaça e mantimentos. Era um povoado, chamado Santana das Antas.

No meio de um deserto, bem longe das cidades que já estavam bem estabelecidas, aos poucos a região se desenvolvia. Em 1892 instalou-se Vila e conquistou autonomia administrativa e base territorial, o que contribuiu para que, em 1907 o município Vila Santana das Antas passasse a ser considerado cidade. Recebeu o nome de Anápolis.

Estrada de Ferro Goyaz

Em 1935, a cidade, ainda com apenas 28 anos, deu seu primeiro grande salto econômico, com a chegada da ferrovia. A Estrada de Ferro Goyaz, era uma extensão da Rede Mineira de Viação, que se interligava a outras ferrovias, chegando até ao litoral brasileiro. O ponto final da ferrovia Goyaz era em Anápolis. Por isso a cidade conquistou grande relevância econômica para o Estado.

Como nas décadas de 30, 40 e 50 não haviam grandes indústrias em Goiás, os produtos industrializados vinham de São Paulo e Minas Gerais pela ferrovia e, quando descarregados em Anápolis, eram distribuídos para o restante do Estado.

Com isso, rapidamente, a partir da década de 30, Anápolis deixou de ser uma pacata comunidade no interior de Goiás, se transformando em um grande centro econômico. As cidades mais próximas daqui traziam seus produtos em carros de boi; as mais longínquas enviavam caminhões. Anápolis recebia cargas agropecuárias até, do, Maranhão e do Pará. E, para armazenar todos esses produtos vindos de outros locais, foi necessário construir grandes galpões.

Industrialização

Com a construção de galpões, Anápolis começava, aos poucos, a se industrializar. Isso porque muitos dos armazéns também eram beneficiadores de itens como arroz, café e algodão.

As áreas industriais de Anápolis cresceram, além do Centro da cidade, os bairros Maracanã, Jundiaí Industrial e JK Industrial, também, tinham sedes de grandes depósitos, muitos deles existem até hoje. Esses armazéns fizeram com que Anápolis se tornasse celeiro de toda a região.

Construção de Goiânia e Brasília

A partir da década de 30, com o início da construção de Goiânia, Anápolis foi a cidade que deu todo o suporte logístico, desde material de construção, alimentação e mão de obra. Isso fez com que a economia do município fosse movimentada e, anos depois, já com a expertise, Anápolis deu suporte para a construção de outra cidade planejada: Brasília.

Anápolis já tinha iniciado os primeiros passos com a construção de algumas olarias, mas com a demanda crescente de Goiânia e Brasília, a região onde hoje é a Vila Fabril viu um boom de pedidos de tijolos, telhas e lajotas. Tudo isso gerou emprego e renda para a Anápolis dos anos 40, 50 e 60.

Base Aérea

Com a finalização das obras em Brasília, na década de 60, esperava-se que a contribuição de Anápolis com a capital do país diminuísse gradativamente. Pelo contrário. Vieram novas oportunidades. Percebeu-se a necessidade de proteger o Distrito Federal de possíveis ameaças futuras. Foi preciso construir uma Base Aérea para operação militar de aviões supersônicos.

Com a intervenção de membros classistas como o Rotary Clube e a Acia (Associação Comercial e Industrial de Anápolis), além da participação ativa de políticos da época, foi possível trazer a Base Aérea para Anápolis, no início da década de 70. Militares de todo o país foram transferidos para a região, elevando o nível de oportunidades.

Foi em Anápolis que os primeiros Mirages, caças supersônicos, começaram a voar. Eles foram aposentados em 2014, e, desde 2022, os novos caças começaram a chegar em Anápolis, são os Gripen F-39.

Daia

Paralelamente, nas décadas de 60 e 70, a cidade continuava se industrializando e crescendo neste segmento. Os empresários perceberam a necessidade de destinar uma área específica para a instalação de novas indústrias, retirando a poluição industrial dos bairros da cidade. Surgiu o Distrito Agro Industrial de Anápolis de Anápolis (Daia).

Wilson Oliveira, um dos empresários presentes no distrito, lembra como foi esse processo implantação do DAIA. “O que fez o Daia ser o que é hoje, foram, primeiramente, a infraestrutura oferecida. O distrito fica em um cruzamento do país, entre duas capitais, tinha água, energia, asfalto e muito espaço. Em segundo lugar foi a oferta de incentivos fiscais por parte dos governos. Com isso o distrito ficou competitivo”, explicou.

Hoje o Daia é referência da proposta industrial de Goiás. Este foi o segundo grande salto econômico de Anápolis. A estrutura do distrito, somada aos benefícios fiscais, atraiu grandes indústrias para a cidade, gerando emprego, renda, desenvolvimento e colocando, definitivamente, Anápolis no mapa das cidades mais industrializadas do país.

Com o Daia, grandes projetos também vieram para Anápolis: a ferrovia Norte-Sul passa por aqui, a cidade recebeu um aeroporto de cargas e um Centro de Convenções.

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