Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), um em cada quatro novos casos diagnosticados neste ano, será em mamas
Priscila Marçal
A quantidade de câncer de mama mais que dobrou nos últimos 10 anos em Anápolis. Dados apurados junto ao Painel de Oncologia do Ministério da Saúde, por meio do sistema DataSus, mostram que em 2013 eram 94 casos, em 2022 o índice aumentou para 225. Neste ano, até metade de setembro, já foram 119 casos de câncer de mama diagnosticados na cidade.
Ao todo, desde 2013, foram diagnosticados 5.395 casos de câncer em mulheres em Anápolis. Desse total, 31,57% (1.703 casos) foram nas mamas. Em Anápolis, esse é o tipo de câncer que mais prevalece entre as mulheres nas estatísticas do Sistema Único de Saúde (SUS).
O cenário da saúde da mulher se torna ainda mais preocupante quando acrescentamos na conta os casos de câncer que envolvem todo o sistema reprodutor feminino. São 1.489 casos diagnosticados nos últimos 10 anos. Entre eles, estão câncer do colo do útero (674), câncer no ovário (185), câncer no corpo do útero (161), câncer na vulva (42), e outros (95). Somando esses números aos diagnósticos de câncer de mama, temos, ao todo, 2.860 casos de câncer no sistema reprodutor feminino. Significa dizer que, em Anápolis, de todos os cânceres diagnosticados em mulheres nos últimos 10 anos, mais da metade, 53,01%, têm relação com o sistema reprodutor.
Também chama atenção a faixa etária que mais registra casos de câncer. Considerando os números registrados em 2022, a maior prevalência do câncer está entre mulheres que tem 30 e 80 anos. O câncer de mama tem maior incidência entre mulheres de 40 a 70 anos. É assustadora a maneira como crescem os registros do câncer a partir dos 40 anos. Para se ter ideia, entre 30 e 40 anos, no ano passado, foram registrados 14 casos, já entre 40 e 50 anos foram 52 casos, entre 50 e 59 anos foram 60 casos, e entre 60 anos e 69 anos foram 57 casos.
É importante ressaltar que a rede oncológica de Anápolis não atende a paciente apenas da cidade. Os tratamentos oferecidos aqui abrangem 60 municípios, com população estimada em mais de um milhão de habitantes (1.031.836).
Tratamento
Ao analisarmos o índice de tratamento da doença, os números avançam ainda mais, e são altos porque o DataSus considera as sessões de tratamento, não os casos novos. No ano passado foram 56.308 procedimentos para tratar o câncer de mama, desses, 7.073 foram cirurgias, 33.411 sessões de quimioterapia e 2.618 de radioterapia (os demais procedimentos aparecem no sistema como não especificados).
Na tabela de tratamento dos casos de câncer, a neoplasia maligna de mama aparece como terceira maior causa de câncer em Anápolis. A primeira é a chamada neoplasia de comportamento incerto ou desconhecido de outras localizações, ou seja, aquele tipo de câncer generalizado (metástase), são 63.368 procedimentos deste tipo; a segunda maior causa é o câncer de pele, com 62.335 procedimentos.
Projeção de novos casos
A cada três anos, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) divulga uma estimativa de novos casos nos Estados e Distrito Federal. A última projeção, feita neste ano, aponta que, somente em 2023, Goiás irá registrar 16.080 novos casos de câncer. A maioria é em homens (8.300 novos casos). A projeção aponta que as mulheres vão registrar 7.780 novos casos de câncer. Desses, 1.970 (25,32%) serão nas mamas. Significa dizer que 1 a cada 4 novos casos de câncer em mulheres em Goiás neste ano, será em mamas.