“O Banco Central deixou a Selic em 2% por muito tempo com o argumento de que a inflação era transitória. Agora, será preciso um choque maior na política monetária para tentar trazer a inflação de volta para a meta”, destacou o economista e professor do Insper João Luiz Mascolo. Para o acadêmico, não adianta o governo culpar os combustíveis pela inflação mais forte, porque ele é parte do problema. “Os fundamentos macroeconômicos estão muito ruins. E a política monetária está atrasada e sozinha. O BC não poderá contar com ajuda de política fiscal no combate à inflação”, lamentou.
DA REDAÇÃO
Após voltar ao patamar de dois dígitos, a inflação ameaça não dar trégua no próximo ano, mesmo com a continuidade da alta dos juros. Para analistas, a inércia inflacionária será forte em 2022. Com isso, haverá reajustes de custos e de salários, assim como repasses para os preços ao consumidor, pelo fato de a economia ser ainda bastante indexada por conta da herança inflacionária.
A alta da Selic terá que ser maior do que 1,5 ponto percentual, como foi sinalizado na última reunião do Copom, se o BC quiser entregar a inflação abaixo do teto da meta em 2022, de 5%, e, assim, evitar dois anos seguidos de descumprimento da regra.
Diante da surpresa com o aumento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro, que acumulou alta de 10,67% em 12 meses, um consenso em formação no mercado é de que o indicador encerrará o ano em torno de 10%, ou mesmo acima disso, quase o dobro do teto da meta deste ano, de 5,25%. Com isso, novas apostas de analistas para o próximo Copom indicam alta de 1,75 ponto a 2,0 pontos percentuais na taxa básica da economia, atualmente em 7,75% ao ano.